sexta-feira, 23 de julho de 2010

O acordar do gigante adormecido

Ano de copa do mundo é aquela euforia, em dia de jogo da seleção nacional se para de trabalhar, os bares lotam e assim enquanto o Brasil for ganhando os jogos à torcida canarinho é sua melhor amiga. Mas, é só perder que a Vuvuzela que existe em cada um começa a berrar.

Imagina-se o Kaká, nossa maior esperança para essa copa do mundo pegas-se a bola no meio de campo com as mãos e só a passasse para trás ou para lado? Ou melhor, só parasse lá dentro do gol adversário com a bola? É, ele estaria jogando Rugby.

Derivado do futebol, o Rugby foi criado na Inglaterra por volta de 1820, e segundo a lenda mais famosa de como apareceu o esporte, foi de uma jogada irregular, numa partida de futebol em que um jogador do Colégio que se cha-mava Rugby, pegou a bola com as mãos e a levou até a linha de fundo do campo adversário.

Primeiramente associado à Football Association o Rugby passou quase uma década sendo o mesmo que o futebol, com 21 clubes unificando, e as regras das principais vertentes do futebol da Inglaterra. O Rubgy só em janeiro de 1871 após um desentendimento envolvendo o clube de futebol Blackheath que queria a retirada de duas regras, e uma delas era sobre carregar a bola com as mãos. Foi então formada a Rugby Football Union, que numa reunião com representantes de 21 times tiveram a idéia de emancipar e fazer o Rugby andar com as próprias pernas.


No Vale do Paraíba e Litoral norte por mais que as pessoas não saibam o que é Rugby, existem três equipes muito ativas e competitivas, a principal é o time da cidade de São Jose dos Campos, principal equipe do país, diversas vezes campeã paulista e brasileira, além de ter muitos resultados importantes fora do Brasil. E não é só o time de São José, o time do Jacareí, de Ilhabela e o time de Taubaté têm destaque no cenário brasileiro. “Todos os três foram fundados com a presença e trabalho de jogadores do São Jose, por isso apresentam es-pírito e técnica de jogo, baseados no time de São José” conta Gerson de Frei-tas Junior, capitão do time de Rugby da cidade Taubaté, prática o esporte a 9 anos, complementa, que a falta de apoio para o esporte no Brasil ainda é uma realidade; “Falta apoio de empresas, de instituições públicas e da mídia, pois mesmo com tantas vitórias e títulos, ainda é difícil conseguir campos de jogo, espaço para trabalho de base e transporte”.


No Brasil existe uma federação organizada e filiada ao Comitê Olímpico Brasi-leiro, a CBRU (Confederação Brasileira de Rugby, antiga ABR) que é o órgão máximo do Rugby nacional, mas existem também as federações estaduais, como a Federação Paulista de Rugby ou a Liga Paulista de Rugby do Interior, à qual o Taubaté Rugby é filiado. Há algumas instituições de apoio também.

Como são poucos os eventos midiáticos envolvendo o Rugby brasileiro, a pro-cura pelo esporte aqui em nossa cidade ainda é mediana, o contato é feito, mas poucos são os que ficam para somar com o time.

O time de Taubaté que existe desde novembro de 2008, quando foi feita a pri-meira reunião de fundação, já treinava desde junho do mesmo ano, portanto, o time tem um ano e oito meses, embora todos os times realizem trabalho social, principalmente com crianças, ainda é muito comum que o dinheiro seja do bolso dos próprios atletas. O patrocínio depende muito da regularização dos clubes, mas mesmo assim é muito restrito. A torcida é pequena, com muitos familiares, pois a divulgação quase não existe, ainda que o número de pessoas interessadas esteja aumentando. Para o crescimento e consolidação, são fundamentais algumas medidas para que o Rugby possa ter mais ênfase na vida do brasileiro, como: inserir o esporte em escolas públicas e privadas, adequar espaços para a prática, as bolas devem ser vendidas em lojas de acesso fácil, e ainda, a divulgação regular pela mídia. Estas são medidas importantes para que a popularização desse esporte possa ter êxito.


Em países como a Argentina, o Chile e o Uruguai, apenas para citar os nossos vizinhos, o Rugby é tradicional, sendo praticado desde a infância, em clubes e campos de várzea espalhados por todos os lugares. Aqui no Brasil, á muita dificuldade de conseguir espaço adequado para a prática. Nos países britâni-cos, na França, na África do Sul e nos países do Pacífico, o Rugby é muito praticado em escolas e ajuda na formação dos cidadãos, já que preza por valores como honra e disciplina de forma bastante forte. No Brasil, ao contrário de muitos países, o Rugby é amador, praticamente sem espaço em jornais, TV ou em outros canais de divulgação.

Conhecido como “o gigante adormecido” por seus belos resultados em condi-ções precárias de treinamento, o Rugby brasileiro espera que os patrocínios apareçam e com a ajuda desses “militantes” da causa o Rugby só tem a cres-cer. Enquanto isso “o gigante adormecido” não escuta o despertador tocar e continua dormindo.

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